quinta-feira, 23 de abril de 2020

DIA MUNDIAL DO LIVRO




Hoje, 23 de abril, comemoramos o Dia Mundial do Livro.  É uma data escolhida pela UNESCO para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais. Este instrumento tão poderoso e mágico marca toda a história da humanidade. A religião, a ciência, a cultura, a arte e a política. Toda forma de conhecimento humano vive e sobrevive através das páginas dos livros. Livros físicos, livros digitais, livros em todos os formatos possíveis alimentam todos os dias as ideias, fantasias, aprendizagens e conquistas de milhões de pessoas pelo mundo. O livro também esteve presente por toda a minha vida. Hoje, na condição de leitor, poeta, estudante e professor continuo encontrando nos livros as grandes referências para compreender melhor a nossa condição humana. Então, celebremos os livros e sigamos o conselho do poeta Castro Alves:

Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!


WESLEY CORREIA - laboratório de incertezas

Novo livro do poeta Wesley Correia, lançado em 12/03/2020. 


Corpo morto de meu pai

Sobre o corpo morto de meu pai,
os muitos lapsos desintegraram
e toda consciência se elevou diáfana,
na tarde de um domingo sem fim.

E tão imorredouro era o corpo sem vida,
tão farto o sangue na carne insepulta,
que nem o fluxo do soro estancava
(pouco convencido das veias jazidas),
nem a bexiga morta deixava de mijar.

E tão esfuziante era o corpo morto
na rubra intimidade a apodrecer,
que as paixões mais assombrosas do mundo
desejaram ali se abrigar:
suplantado estava o indefinível hiato político,
também o preço do gás,
o vigor dos verbos guardados,
o ranger das portas, o cão mudo com fome,
também as provas de amor,
também toda lágrima e todo riso,
também qualquer presságio
ou sintomas de beleza distante
ou qualquer “como vai?”
a fulgurar na manhã vulgar.

Somente a humanidade incauta
que exalou do corpo morto de meu pai
é o que é para sempre.



Afinar o fôlego das palavras

Retendo o “fôlego das palavras”, segue nosso poeta Wesley Correia pelas estradas intensas da alma. Habitante de abismos, sabe que não está sozinho. Existencial e social, sua poesia mescla os anseios e revoltas do nosso tempo histórico e das vertigens de cada leitor. Seu instrumento poético está sempre (re)afinado pelo diapasão de um Deus negro que habita em todos nós. Sentir e pensar cada verso para além de sua própria voz, eis o convite, e assim encontrar nossas vozes que ressoam em cada incerteza poética disfarçada de conselho:

Se queiram bem,
minhas filhas,
para que vosso bem
quebrante o espírito
de quem não o tem. 

Cleberton Santos
Texto para divulgação do livro.  

sábado, 18 de abril de 2020

CARLOS BONDOSO


UM CANTO DE PÁSSARO

abraço um rio onde os barcos se encontram
e se tocam
estão num porto vazio
uns olhos que choram
e que alimentam as vagas que se vão quebrar
de súbito um canto de pássaro
desperta no meu olhar suspenso
fios de ouro e golfinhos cor de prata
que navegam para sul onde o mar se estende
e o invisível se esconde
é neste porto de liberdade que o silêncio se mistura
com as formas indefiníveis do poeta
que galga as margens
e marca as ausências

Carlos Bondoso (Portugal)
Poema extraído do Facebook do autor. Recitei durante uma live de poesia no Instagram com Adriano Eysen (15/04/2020). @poetacleberton


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