ARTE POÉTICA
Meus versos são da pura
essência
dos poemas inessenciais.
Nada dizem de verídico
não querem nada explicar.
Não narram o clamor dos peitos
não encaram a dor do mundo.
Se por vezes falam alto
é por puro gozo, júbilo.
Humor que brota de dentro
como se movem os astros.
Eles, meus versos, são pura
floração de irresponsáveis
flores nascidas nos mangues,
por nascer — mas multicores,
lindas, não importa que os
homens
as conheçam ou não conheçam.
ANTONIO BRASILEIRO
(“A Pura Mentira”, 1982)
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