MULHER
Depilo tuas vestes íntimas
obcecado pelo mergulho
em teu luminoso abismo.
Há consenso e quietude em tudo. No
entanto há em mim
uma urgência atávica:
febril, como urgência da vida;
feroz, como o decreto da morte.
E mergulho amparado
em minha certeza inútil; a mesma
do meu pai e de todos
os meus ancestres; a mesma
dos que morreram e morrerão em ti
- alegremente! -
desde
Adão.
Salgado Maranhão, poema publicado em “Amar, verbo atemporal”: 100 poemas de
amor. Antologia organizada por Celina Portocarrero (Rio de Janeiro: Rocco,
2012). Nesta mesma antologia saiu meu poema “Roseiral”.
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