Amálgama
O exercício da mentira
assevera-nos o rosto;
petrifica-nos o busto
e engrandece-nos a ira.
O exercício da mentira
engrandece-nos as posses;
ajoelha-nos em preces
sob o teto das igrejas.
O exercício da mentira
faz-nos fortes barulhentos;
tece grandes pensamentos
para encher-nos de amarguras.
O exercício da mentira
faz-nos lúcidos, divinos;
torna os animais humanos
e torna os deuses caninos.
O exercício da mentira
(por que tamanha maldade?)
concedeu-nos - que loucura! -
o exercício da verdade.
O exercício da mentira
assevera-nos o rosto;
petrifica-nos o busto
e engrandece-nos a ira.
O exercício da mentira
engrandece-nos as posses;
ajoelha-nos em preces
sob o teto das igrejas.
O exercício da mentira
faz-nos fortes barulhentos;
tece grandes pensamentos
para encher-nos de amarguras.
O exercício da mentira
faz-nos lúcidos, divinos;
torna os animais humanos
e torna os deuses caninos.
O exercício da mentira
(por que tamanha maldade?)
concedeu-nos - que loucura! -
o exercício da verdade.
Roberval Pereyr
Nasceu em Antônio Cardoso (Bahia, 1953). Vive em Feira de Santana. É
poeta, ensaísta e professor na UEFS. Publicou os livros de poesia: Iniciação ao estudo do um (com Antônio
Brasileiro, em 1973); Cantos de sagitário,
(1976); As roupas do nu (Coleção dos
Novos, em 1981); Ocidentais (1987) e O súbito cenário (1996). Publicou nas
revistas: Tapume, Hera e Serial. Vencedor do Prêmio da Academia de Letras da Bahia 2010.
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