quinta-feira, 21 de agosto de 2008

REVISTA POESIA SEMPRE - FBN

TRÊS POEMAS DE CLEBERTON SANTOS NA REVISTA POESIA SEMPRE

INFÂNCIA

No umbigo do mundo
escondi meu cavalo de barro.

No umbigo do mundo
escondi minha bola de gude.

No umbigo do mundo
a criança escondida
brinca de se esconder
do outro lado das coisas
vestindo palavras espumas.


CALÇADA RIBEIRINHA

Queria sentar nesta calçada antiga
repousar meus gritos e teoremas
jogar castanhas no buraco d’água.

Queria sentar nesta calçada antiga
sem a pressa dos vendavais urbanos
contar estrelas em esteiras amarelas.

Queria sentar nesta calçada antiga
sem a poesia que me atormenta
sentir a lua fria sobre as pernas.

Queria sentar nesta calçada antiga
e ver surgir do batente liso
a velha sombra da manhã vivida.


CANTO

A vida avança neste rio sem norte
e a sorte busca cada canto escuro
para dar morte a todo pássaro
que canta seu canto de esperança e medo.

A vida avança sem norte neste rio
e o canto escuro dos dementes
a todo pássaro cativo liberta
da morte do canto medroso e doente.


Poemas publicados na Revista Poesia Sempre, Nº 27, Ano 14. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2007. p. 151-153, ISSN 0104-0626


Revista Poesia Sempre
Fundação Biblioteca Nacional
Av. Rio Branco, 219, 5º andar, Centro.
Rio de Janeiro - RJ
20040-008
e-mail:
poesiasempre@bn.br

Nenhum comentário: