terça-feira, 30 de junho de 2015

LINALDO GUEDES


Receitas de como se tornar um bom escritor

O jornalista e poeta Linaldo Guedes lança no próximo sábado, dia 04, na Livraria do Luiz, o livro “Receitas de como se tornar um bom escritor”. Editada pela Chiado Editora, de Portugal, a obra reúne textos sobre temas diversos que acometem o campo literário, como ampliação do número de leitores de poesia no Brasil, a importância do Concretismo, o papel do leitor diante de uma obra literária, jornalismo literário e a angústia da influência à moda de Harold Bloom, entre outros. O lançamento será às 10h30 e a Livraria do Luiz fica na Galeria Augusto dos Anjos, centro de João Pessoa. O livro será vendido a R$ 25,00 e terá distribuição no Brasil, em Portugal e Angola. A apresentação do livro será feita pelo poeta e escritor André Ricardo Aguiar.

“Receitas de como se tornar um bom escritor” também reúne textos sobre autores como Sérgio de Castro Pinto, João Cabral de Melo Neto, Paulo Leminski, Augusto dos Anjos, Vinicius de Moraes, Augusto de Campos, José Lins do Rego, Fernando Pessoa, Ariano Suassuna e Padre Antônio Vieira.

O objetivo da obra é, principalmente, provocar o debate sobre como se faz e se produz a literatura nos tempos de hoje, com o advento de novas tecnologias, a exemplo de blogues, redes virtuais e sites. E, também, de reforçar a importância da leitura de alguns autores da literatura.

Linaldo Guedes é jornalista e poeta. Nascido em Cajazeiras, é radicado em João Pessoa, capital da Paraíba, no Brasil, desde 1979. Como jornalista, atuou nos principais órgãos de comunicação da Paraíba e foi editor do suplemento literário Correio das Artes por seis anos. Atualmente, integra novamente a equipe do Correio das Artes.

Como poeta, lançou os livros “Os zumbis também escutam blues e outros poemas” (A União/Texto Arte Editora, 1998), “Intervalo Lírico” (Editora Dinâmica, 2005) e “Metáforas para um duelo no Sertão” (Editora Patuá, 2012). Lançou, ainda, “Singular e Plural na poesia de Augusto dos Anjos” (Editora A União, 2000) e co-organizou os livros “Diálogos” (entrevistas com escritores brasileiros publicadas no Correio das Artes- Editora Aboio/A União, 2004) e as coletâneas de contos e poesia dos 50 anos do Correio das Artes (Editoras A União e Universitária/UFPB, 1999). Sua produção pode ser acessada pelo site: www.linaldoguedes.com

A Chiado Editora é especializada na publicação de autores portugueses e brasileiros contemporâneos, sendo neste momento a maior editora em Portugal neste segmento, e uma das editoras em maior crescimento no Brasil. Em pouco mais de sete anos de existência, a Chiado Editora revolucionou o mercado do livro em língua portuguesa, editando mais de 1000 novos títulos por ano! Em virtude dos métodos inovadores de produção e distribuição desenvolvidos, todos os livros publicados pela Chiado Editora estão, a todo o momento, disponíveis para todos os Leitores, nas maiores redes livreiras de Portugal e do Brasil.

SERVIÇO:
Evento: Lançamento do livro “Receitas de como se tornar um bom escritor” (Chiado Editora, Portugal)
Local: Livraria do Luiz – Galeria Augusto dos Anjos, Praça 1817, número 88, Centro de João Pessoa
Data: 04.07.2015 (sábado)
Horário: 10h30

Fonte/texto: Linaldo Guedes.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

HERCULANO NETO


O escritor Herculano Neto organiza uma reunião de Contos livremente inspirados em canções de Raul Seixas. 

OUTRO LIVRO NA ESTANTE, obra organizada por Herculano Neto e Gustavo Felicíssimo, reúne 11 contos escritos por ficcionistas baianos, todos eles inspirados em músicas de Raul Seixas. A obra conta ainda com textos sobre o livro, escritos por parceiros históricos do grande músico baiano, como o Carlos Eládio, guitarrista de Raulzito e “os Panteras”, para quem “Outro Livro na Estante” é Raul Seixas revisitado por seus conterrâneos, com respeito e admiração. Uma nova leitura instigante e intrigante, inteligente e bem-humorada. Uma belíssima homenagem aos 70 anos de nascimento do eterno Raulzito". Para Edy Star, cantor e ator, último membro vivo da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, "Onde estiver o ‘Magro Abusado’, ele certamente estará satisfeito y agradecido por essa lembrança/presente no seu 70º aniversário. Já para o também cantor e compositor Wilson Aragão, parceiro de Raul na música "Capim-Guiné", para "Marcio, Tom, Kátia, Herculano, Victor, Davi, Rodrigo, Georgio, Ricardo, Ediney, Dênisson, Rita e outros sonhadores, é por aí o caminho: ousar. A inquietude sempre atropelando e esmagando a inércia"

Conheçam mais sobre a obra do poeta, contista, compositor e talentoso artista baiano Herculano Neto no blog 



sexta-feira, 26 de junho de 2015

ILMA FONTES


Oração Para Todas As Mulheres Do Mundo

Minha Nossa Senhora do Improviso, 
dai-me um bom sorriso e a possibilidade
de pagar o dentista com um punhado de poesia.
Santa Maria, dai-nos alegria, 
mesmo diante de panelas vazias.
Minha Santinha do Escapulário,
vigiai os nossos ovários.
Santos Apóstolos dos Povos Drogados,
dai-nos diversão e arte...
e compreensão de ambas as partes.
Santa Letícia livrai-nos de ser notícia
na página policial por agressão física,
mental ou verbal.
Santa Virgem do Menino de Praga
livrai-nos dos maus-tratos dos homens
e das mulheres ingratas.
Santa Cecília das Fontes Límpidas 
fazei com que todas as mulheres do mundo,
ao menos uma vez na vida,
sejam beijadas e ouçam " Eu te amo" -
e que seja verdade ou mentira sussurrada,
mas que seja real naquele instante.
Senhora Mãe das Marés Rasas
dai-nos fôlego, dai-nos atalhos
para vencer os atrasos, as intrigas,
as falsas amigas, o falso salário, 
os tolos e os abestados, patrões e empregados.
São Tomé dos Desacreditados
livrai-nos dos tagarelas que vivem  a inventar
a vida alheia e torcer os fatos.
Santo Antonio dos Otários Caídos
livrai-nos dos maus maridos.
Santa Rita do Siri Mole
livrai-nos de todos os que engolem sapos
e arrotam iate e carro esporte.
Senhora dos Espinheiros,
livrai-nos dos editores bem intencionados
e dos revisores também,
porque eles existem e podem
até matar um morto
enquanto vivificam outros zumbis
da literatura nacional e estrangeira.
Santo Onofre do Pezão, 
não deixai cair em tentação
a mão que assina as contas públicas,
dá-lhes justiça! Dá-lhes prisão.
São João da Cana Dura,
afastai os perdulários, os prevaricadores,
os dilapidadores dos cofres federais,
estaduais e municipais.
Senhor dos Encontros Tardios,
dai uma mulher para quem tem frio!
A solidão é uma mãe ausente,
portanto Senhor dos Descontentes,
dá-nos uma cama macia
e boa companhia todos os dias,
para sempre, à minha
e à sua mãe também.

ILMA FONTES
Poeta, jornalista, médica, editora e ativista cultural em Aracaju – SE. Coordena há 25 anos o Jornal “O Capital”. Premiada na literatura e no cinema. 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

ADRIANO EYSEN





Um livro fundamental sobre as obras dos poetas Álvaro de Campos e Mário de Sá-Carneiro acaba de ser publicado pelo poeta e Prof. Doutor Adriano Eysen. A obra foi lançada em Salvador, no Gabinete Português de Leitura, durante o “Simpósio Internacional 100 anos da Revista Orfheu” entre os dias 08 e 09 de junho de 2015. Confiram alguns textos que antecedem a leitura do livro:


Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro: companheiros de ideais estéticos, autores e confidentes um do outro na correspondência fascinante em que expõem sua angústia existencial, parceiros na organização do segundo número da revista Orpheu... e, agora, irmanados neste livro A lírica da ausência na poética de Álvaro de Campos e Mário de Sá-Carneiro. Seu autor, Adriano Eysen, mais do que traçar, isoladamente, o perfil literário de cada um, enlaça-os nessa “lírica da ausência”, elo que os aproxima e identifica nos quadros da poesia portuguesa de inícios do século XX.
Eysen, a que não falta a sensibilidade do poeta que é e a vocação de crítico e de pesquisador exigente, assume aqui como proposta a leitura atenta do poeta/engenheiro naval que, em “Tabacaria”, diz não ser nada, nem querer ser nada, embora tenha em si “todos os sonhos do mundo”; e, a par disso, em viés comparatista, o exame cuidadoso do poeta de “Epígrafe”, que não sabe quem é, de onde veio e que, em “Além-tédio”, se diz “seco, endurecido de tédio”.  
(Trecho da “Apresentação” feita pela Doutora Melânia Silva de Aguiar)


 Adriano conduz-nos, aliás, pela poesia dos dois, apontando a convergência e, por vezes também, a divergência dos caminhos trilhados. Mário de Sá-Carneiro, através de um registo poético de feição simbolista-decadentista, e Álvaro de Campos, num registo mais solto e inovador, dão corpo a uma estética da ausência, selando um compromisso radical com a linguagem. Sá-Carneiro, narcisicamente, em sucessivos «voos interiores», busca uma identidade jamais atingida. Criando um «império de marfim para abrigar delírios e personagens fabulosos», achou-se apenas como «qualquer coisa de intermédio», intervalo de abismo, entre o «eu» e o «outro». Álvaro de Campos, por seu lado, virado para fora, multiplicou-se em sensações, numa tentativa frustrada de ser tudo. E reconheceu-se «nada».
(Trecho do “Prefácio” assinado pela Doutora Manuela Parreira da Silva)

Convido, assim, o leitor a ler neste livro a reflexão que Adriano elabora, valendo-se de atualizadas e eruditas referências, sendo ao mesmo tempo sofisticado e claro em sua escrita, e com a autonomia de quem pensa o discurso contemporâneo da poesia para além de todos os clichês contemporâneos.
(Trecho da “Orelha” assinada pelo Doutor Sandro Ornellas)




Poeta, contista, crítico literário e professor de Literatura Portuguesa e Brasileira na Universidade do Estado da Bahia. Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC-Minas. Autor publicou, entre outros, os livros “Imagens do sertão na poética de Castro Alves” (ensaio, 2005), “Cicatriz do silêncio” (poesia, 2007), “Assombros solares” (poesia, 2011). Tem vários artigos e poemas publicados em revistas nacionais e no exterior.

domingo, 21 de junho de 2015

IGOR FAGUNDES

IGOR FAGUNDES


(re) fluxos

Aprendo com o vento que rumos são escolhas
escritas em bússolas, no idioma do silêncio.
Um sopro ao norte, às vezes corta o sul
esse vento que balança folhas secas.

Me finjo brisa sufocada:
sob lençóis não quero ver cair o fruto
nem sorver esse ar
                                que é só meu
                                         e é feito de fogo.

Poema publicado na antologia “Roteiro da Poesia Brasileira anos 2000”. Seleção e prefácio Marco Lucchesi. São Paulo: Editora Global, 2009.


Igor Fagundes é poeta, ator, jornalista, ensaísta e professor. Doutor em Poética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Filosofia e Estética nos cursos de Graduação em Dança da UFRJ. Escreveu crítica para o Jornal do Brasil, Rascunho, Panorama da Palavra e em periódicos de arte, filosofia e literatura. Foi colaborador da Academia Brasileira de Letras. Publicou em poesia Transversais (Prêmio Estudantes do Brasil, 2000), Sete mil tijolos e uma parede inacabada (2004), por uma gênese do horizonte (Prêmio Literário Livraria Asabeça, 2006) e zero ponto zero (2010). No gênero ensaio, publicou Os poetas estão vivos – pensamento poético e poesia brasileira no século XXI (Prêmio Literário Cidade de Manaus, 2008 – Melhor Livro de Ensaio de Literatura), 33 motivos para um crítico amar a poesia hoje (2011) e permanecer silêncio – Manuel Antônio de Castro e o humano como obra (2011). É organizador de outros quatro livros e coautor de mais de 30. Possui cerca de 60 premiações em concursos literários. Membro do PEN Clube do Brasil. No ano 2015, publicou o livro Poética na incorporação – Maria Bethânia, José Inácio Vieira de Melo e o Ocidente na encruzilhada de Exu.





sexta-feira, 19 de junho de 2015

AMOLADOR DE FACAS

Foto da peixeira que pertenceu ao meu avô José de Vicente. Agora guardando meus livros!


AMOLADOR DE FACAS
para José de Vicente, meu avô

A pedra de amolar facas
carcomida de dores memórias
afunda em rio de fogo esquecimento.

A faca de cortar pedras
jaz embainhada no silêncio
profundamente agudo

do velho Vicente.


“Lucidez silenciosa” (Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2005)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

EMMANUEL MIRDAD: O GRITO DO MAR NA NOITE

Emmanuel Mirdad retorna à ficção em “O grito do mar na noite”
O escritor, produtor e coordenador da Flica Emmanuel Mirdad retorna à ficção, mais precisamente aos contos, depois de um breve passeio pela poesia no ano passado, e lança seu novo livro, O grito do mar na noite, na terça-feira, 30 de junho, a partir das 19 horas, na Confraria do França, Rio Vermelho. A obra sai pela editora Via Litterarum, a mesma que realizou a sua estreia em 2010 com Abrupta sede, também de contos.
Dedicado ao mestre do conto Hélio Pólvora, falecido em março passado, O grito do mar na noite apresenta “um agudo painel das relações humanas, sobretudo afetivas, nas quais homens e mulheres expõem suas fraquezas ante a banalidade da vida e do tempo”, segundo o escritor Márcio Matos, que assina a orelha, “no equilíbrio entre o que se mostra e o que fica subentendido”.
Para o escritor Mayrant Gallo, que assina o posfácio, Emmanuel Mirdad realiza em seus dez contos “um feito altamente elogiável: trabalhar com tipos, sem meramente repeti-los, revitalizando-os, inclusive. Acompanhamos, com igual interesse, tanto o infortúnio do homem de terceira idade, do menino doente, do sujeito infeliz em seus relacionamentos amorosos, da mulher frígida ou assexuada, quanto o dos mulherengos contemporâneos”.
O grito do mar na noite, com as suas 172 páginas, “é uma nova proposta extraída de um propósito único: retratar o nosso mundo. Cada conto é uma fotografia de um álbum espúrio”, segundo Mayrant, e que “os signos da contemporaneidade sobejam em todo o volume, numa evidência explícita à vida que levamos, em meio a uma multiplicação infindável de ícones da propaganda, internet, dos aparelhos de celulares, tablets, games, canais de tevê por assinatura etc.”.

Já para Márcio Matos, “ciente disso, Emmanuel Mirdad realiza com o livro de contos um rigoroso exercício”, e, relembrando o mestre Cortázar, cuja especificidade do conto é o poder de vencer por nocaute, “Mirdad move-se pelo ringue na certeira intenção de deixar o leitor tonto e, quando este baixa a guarda, aplica-lhe o golpe fatal”.

Baiano de Salvador, de outubro de 1980, formado em Jornalismo pela Facom – UFBA, sócio-diretor da produtora Cali, Emmanuel Mirdad é um dos criadores, donos da marca e coordenadores da Flica, evento em que foi curador de 2012 a 2014. Autor dos livros Nostalgia da lama (Cousa/2014), de poesia, e Abrupta sede (Via Litterarum/2010), de contos, é roteirista, compositor e produtor cultural com mais de 15 anos de carreira.


http://elmirdad.blogspot.com.br




segunda-feira, 15 de junho de 2015

ANTONIO BRASILEIRO



ARTE POÉTICA

Meus versos são da pura essência
dos poemas inessenciais.

Nada dizem de verídico
não querem nada explicar.

Não narram o clamor dos peitos
não encaram a dor do mundo.

Se por vezes falam alto
é por puro gozo, júbilo.

Humor que brota de dentro
como se movem os astros.

Eles, meus versos, são pura
floração de irresponsáveis

flores nascidas nos mangues,
por nascer — mas multicores,

lindas, não importa que os homens
as conheçam ou não conheçam.

ANTONIO BRASILEIRO
(“A Pura Mentira”, 1982)


domingo, 14 de junho de 2015

SALGADO MARANHÃO

MULHER

Depilo tuas vestes íntimas
obcecado pelo mergulho
em teu luminoso abismo. 

Há consenso e quietude em tudo. No
entanto há em mim
uma urgência atávica: 

febril, como urgência da vida;
feroz, como o decreto da morte. 

E mergulho amparado
em minha certeza inútil; a mesma
do meu pai e de todos
os meus ancestres; a mesma
dos que morreram e morrerão em ti
- alegremente! -
                            desde Adão.


Salgado Maranhão, poema publicado em “Amar, verbo atemporal”: 100 poemas de amor. Antologia organizada por Celina Portocarrero (Rio de Janeiro: Rocco, 2012). Nesta mesma antologia saiu meu poema “Roseiral”.

 


sábado, 13 de junho de 2015

POEMAS EM INGLÊS


Caros leitores, compartilho meus poemas publicados em Revista nos Estados Unidos. Translated from the Portuguese by Tiffany Higgins.

CHILDHOOD

In the navel of the world
I tucked my horse of mud.

In the navel of the world
I hid my marble.

In the navel of the world
hidden boy
plays at hiding
on the other
side of things wearing
words of foam.

INFÂNCIA

No umbigo do mundo
escondi meu cavalo de barro.

No umbigo do mundo
escondi minha bola de gude.

No umbigo do mundo
a criança escondida
brinca de se esconder
do outro lado das coisas
vestindo palavras espumas.

MINOTAUR

In the house of Asterion
myths and pretty maidens
plot against love.
Gored, Theseus wanders
between walls,
uselessly lucid.

MINOTAURO

Na casa de Asterion
mitos e belas donzelas tramam
contra o Amor.
Esfaqueado, Teseu perambula entre
as muralhas,
inutilmente lúcido.


INSOLUBILITY
para Mário Quintana

From the insolubility of things
births a song in stone.
While the violet of early evening
agonizes under my eyes
dug into the lead horizon.

INSOLUBILIDADE
para Mário Quintana

Da insolubilidade das coisas
nasce uma canção petrificada.
Enquanto a violeta da tarde
agoniza sob meus olhos
fincados no horizonte chumbo.

Cleberton Santos is author of three books of poetry. He is an award-winning poet, a literary critic, and a professor in Santo Amaro, Bahia, Brazil.

Tiffany Higgins is author of And Aeneas Stares into Her Helmet (Carolina Wren Press, 2009), selected by Evie Shockley as winner of the Carolina Wren Poetry Prize. Her poems appear in Poetry, Kenyon Review, Taos Journal of Poetry & Art, From the Fishouse, Catamaran Literary Reader, and other journals. She recently was a resident at Nebraska’s Art Farm. She writes on ecocultural poetics and translates contemporary Brazilian poets. Her translations of the work of Alex Simões are forthcoming in the anthology Writing the Walls Down (Transgenre, 2014).

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Poema de Moacir Eduão

FAGULHA

para Cleberton Santos


Ainda é para valer a pena.
Um Sol que queima
um só poema
um só por-do-sol copioso
entre os dias.
Uma Lua, quase duas,
grávida, empanturrada.
Um planeta
cheio de água salgada,
um povo que não sabe chover.
Isso não é regra,
não é métrica.
É um poema sobre flor
e flor sabe ser
cérebro de idioma.
a mente, palavra autista
que se soma,
doma e dobra
a língua portuguesa -
um Sol que queima
e lida com a faísca
como pólvora e fósforo
lida com o poema.

Moacir Eduão
Professor e Poeta. Membro fundador da Academia de Letras de Irecê (Ba). Natural de São Gabriel (Ba). Coordenador do Ponto de Leitura Solar da Boa Vista Castro Alves. Autor de vários livros de poemas, entre os quais “Ao Tempo” (in memoriam), em 2003, e ”desespaços”, em 2008.



Poema "Tempo" do livro inédito "Travessia de abismos"

POEMA INÉDITO DO LIVRO "TRAVESSIA DE ABISMOS" 

tempo

sou da natureza um abismo profundo
carregada de incertezas alimento tua vida
pelo ácido do poema voraz liberto teus pensamentos
sou da natureza uma máquina de infindável engenho
meu limite é o sem fim do não saber
que para além dos teus desejos
meu corpo é sempre além do tempo

tiempo

soy de la naturaleza un abismo profundo
cargada de incertidumbres alimento tu vida
por el ácido del poema voraz libero tus pensamientos
soy de la naturaleza una máquina de infinito ingenio
mi limite es el sinfín del no saber
que para más allá de tus deseos
mi cuerpo es siempre más allá del tiempo


Cleberton Santos
Poema do livro “Travessia de abismos” (2015) que será lançado ainda este ano. Traduzido pela Prof.ª Doutora Gracineia dos Santos Araújo.