segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Blog do escritor alagoano Ronaldo Pereira de Lima

Eu indico a leitura do blog do escritor Ronaldo Pereira de Lima. Escritor e professor com forte atuação na cidade de Porto Real do Colégio (AL).



domingo, 17 de setembro de 2017

EPIFANIA


Epifania
Para Antonio Brasileiro

Um Buda sentado
sobre meus ombros
medita a leveza da morte.

Vestindo roupas trançadas de pedras
um Buda leve caminha sobre as águas
dos meus pensamentos.

Sobre meus ombros
um Buda escreve
poemas esconsos.

In: Lucidez Silenciosa (2005)

sábado, 16 de setembro de 2017

TRÊS POEMAS DE JECILMA LIMA

Jorge Galeano / http://jorgegaleano.blogspot.com.br


Gostaria de ser rio

Eis o meu alento e meu segredo
Ser a ponte sobre o rio
Ser a pedra e o chapéu que esbarra nela.
Decifrável alegoria
que traz ao coração dos homens
lembrança de pulmões cheios d’água
e olhares elevados de suicidas.

Estamos todos tão distantes...

A água já nos chega aos joelhos
E nós nem nos abraçamos.
Nos abracemos, amiga
antes que, incapazes do gesto
nos tornemos de um sorriso marmóreo,
repleto desta cegueira incurável.

Gostaria de ser rio
Mas sou irrecuperável.


Entre vista


Quanto às coisas que em mim ardem,
É tudo que me toca mais fundo.

Quanto a tudo no mundo que me encanta
Ou comove,
              Ou destrói
É essa dor de mil anos
Este estar só, no centro.

E quanto a estranheza mesmo da morte
É a sua atração que me move.


Enquanto espero

Brinco de compor estrelas
Estou naqueles dias
Em que não consigo ser para mim apenas
E escapo ao controle.

Afogo um mundo em pequenas dores
E me desconheço
Grandiloquente e tola.

Estou naqueles dias
E, enquanto espero
Espalho astros pela janela.


JECILMA LIMA é feirense, poeta, contista e pesquisadora de literatura e cultura. Participou da coletânea de poesia “SETE FACES”, publicada pela UEFS, e foi vencedora do I concurso Literário Bahia de todas as Letras, da editora Via Litterarum, na categoria conto, com “Um coração de coelho”. É professora do IFBA – Campus Santo Amaro, onde coordena o Núcleo de Arte e Cultura.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Memórias da Flipelô 2017



09/08/2017 / FLIPELÔ

Estive na Flipelô 2017. Fui convidado pelo curador José Inácio Vieira de Melo para recitar meus poemas no Café Teatro Zélia Gattai ao lado dos poetas Igor Fagundes (RJ) e Walter César (BA). Tudo seria exatamente igual a tantos outros eventos literários que já fui se não fosse por este inesquecível episódio. Estive ao lado de Maria Bethânia. Falei com Maria Bethânia. Abracei Maria Bethânia. Na abertura do evento, emoldurados pela beleza silenciosa da Igreja de São Francisco, tive a alegria de ver, ouvir e sentir Maria Bethânia cantando, declamando e orando as belezas textuais em versos e prosas da riquíssima literatura brasileira. Após seu recital-oratório-declamativo-show, Maria Bethânia recebeu com imensa ternura muitos que buscaram seu abraço, sua voz, seu olhar ainda no camarim. Coisa linda foi quando luz faltou e Maria Bethânia serenamente entoou um canto solene para aconchegar o ambiente e seus convidados. A candura de sua voz dissipou a escuridão da noite e iluminou tudo, inté nossa alma. E ficamos inundados, mais uma vez, pelo seu sopro poético e fomos acolhidos pelo manto de sua calorosa simpatia. Aquela cena parecia um sonho. Parecia um poema de Castro Alves. Parecia um romance de Jorge Amado. Aquela voz que ouvi nos tempos de menino lá em Propriá na casa do amigo Mário Roberto, agora ecoava eternamente perto de mim, e dentro, e mais além. Atravessando meu ser. Alumiando as casas do meu coração. Viva em cores e corais. Palavras e notas musicais. Santos e poetas, clássicos e populares, poemas e canções. Tudo divinal. Magia pura, encanto sublime. Aguardei e cheguei. Abracei e disse com voz trêmula: “A senhora inspirou minha vida.” E ela, Maria Bethânia sorriu. Que mágico. Que sonho. Que alegria. Aquela noite jamais acabará... porque Maria Bethânia é poesia para toda minha vida.

Feira de Santana, 11 de setembro de 2017.


09/08/2017 / FLIPELÔ


quinta-feira, 7 de setembro de 2017

RUY ESPINHEIRA FILHO

Soneto de Julho

É muito tarde para não te amar.
Tudo o que ouço é o sopro do teu nome.
O que sinto é teu corpo, que consome
- presente, ausente - o meu corpo. Luar 

em que me abraso, morro: teu olhar
ofuscando memórias, onde some
um mundo, e outro se ergue. Sede, fome
e esperança. Ah, para não te amar 

é tão tarde que tudo é já distância,
que só respiro este luar que me arde,
este sopro sem praias do teu nome, 

esta pedra em que pulsa e medra a ânsia
e esta aura, enfim, em que me envolve (é tarde!)
o que és - presente, ausente - e me consome.

Ruy Espinheira Filho
Poema publicado na Revista da Academia de Letras da Bahia, setembro de 2014, n 46.




domingo, 3 de setembro de 2017

Os sofrimentos do jovem Werther


Um livro formidável. Uma narrativa envolvente em linguagem de cartas. Um romance epistolar. Foi muito prazeroso conhecer os acontecimentos que envolvem a vida do jovem Werther e seu amor pela jovem e bela Lotte. Amor impossível, eterno tema romântico de todos os tempos e lugares. Ouvir as reflexões e diálogos sobre o suicídio entre Werther e Albert. São muitas as possibilidades de sedução que este livro apresenta. Descobrir a literatura de Ossian através das leituras de Werther, sim, pois ele é um grande leitor durante toda a narrativa. Homero, Ossian, Lessing e outras leituras citadas ao longo da narrativa. Um livro poderoso de Goethe. Um clássico não somente da literatura alemã, mas de toda a literatura universal. A solidão, o amor, a morte, a traição, o suicídio, a desilusão amorosa, a amizade e tantos outros valores e sentimentos atemporais perpassam todas as 181 páginas deste formidável e atraente livro que atravessa séculos encantando e atraindo leitores de todas as idades e paixões.