sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Elizeu Moreira Paranaguá

Poema para guardar as coisas

Guarda as coisas
que são tuas
para que ninguém
possa roubá-las;
guarda-as
debaixo da Pedra,
para que o Tempo
não as destrua;
guarda,
mas não as esconda;
necessariamente
guarda as coisas
no teu coração.

GIRASOLES

Doze girassóis numa jarra de Vincent van Gogh.

Girasoles

para Lílian Almeida

En las formas de tu cuerpo
recorro verbos infinitos
de angustia y placer
de soledad y demencia
de deleite y tortura.

Mientras inauguro cada mañana
formas lúcidas de amar girasoles.

Traducido por John Galán Casanova*

*Bogotá, Colombia, 1970. Poeta y ensayista. Su primer libro, ALMAC N AC STA, obtuvo el Premio Nacional de Poesía Joven de Colcultura en 1993. Egresado de la carrera de literatura en la Universidad Nacional con un primer acercamiento a la obra de Luis Tejada Cano (“Luis Tejada: Crítica crónica”, Boletín Cultural y Bibliográfico, Banco de la República, Nº 33, 1993). Siguiendo los pasos del gran cronista antioqueño, entre julio del 94 y noviembre de 1995 sostuvo la columna de opinión “En el camino” para el periódico El Espectador. Por esos tiempos se le vio implicado en la creación del grupo de poesía, danza, música, fotografía y video Poesía ácida. Su segundo libro de poemas, El coraz´n portátil, se publicó en 1999. El tercero, AY-YA (1997), apareció en el 2001. Algunos de sus ensayos y artículos han sido publicados por revistas como el Magazín Dominical de El Espectador, Número, El Malpensante, Gaceta de Colcultura y La Hoja de Medellín. Entre 1998 y 2002, John Galán se desempeñó como coordinador y editor de la Red de Talleres literarios Raíz de cinco para las bibliotecas de Comfenalco en Medellín. En 2005 Panamericana Editorial publicó su biografía Luis Tejada. Vida breve, crítica crónica, en su colección Cien personajes – Cien autores. Ha publicado conferencias, entrevistas y traducciones al español de los poetas brasileños Ferreira Gullar y Affonso Romano de Sant’Anna. Así mismo, ha traducido a varios de los poetas brasileños asistentes al Festival Internacional de Poesía de Cartagena, como Damário da Cruz y João de Moraes Filho.


REVISTA VERBO21

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Revista Verbo21 - Cultura & Literatura

http://www.verbo21.com.br/

Editor e Escritor Lima Trindade

CALANGOS


BESTIÁRIO INÚTIL

Primeira paisagem

Um calango espreita a vida
no mormaço de uma tarde estreita.

Sol a castigar o dorso de uma catenga
viúva silenciosa de outro calango morto.

Esticado em terra seca e astrosa
poeta repousa ossos e remorsos.

Segunda paisagem

De cima de um muro
um calango vigia o mundo.

Imperioso e astuto e lépido
contempla a paisagem (surda)
ausculta os pensamentos de um cético.

De cima de um muro
um calango vigia o cego.

Viril e verossímil e audaz
afronta a morte que ronda
seu dorso listrado de couro tenaz.

Concerto para ninar calangos

Silêncio tecido de dor e violinos
crava em meu peito
concerto estapafúrdio
para ninar calangos opalinos.

In: Lucidez Silenciosa (Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2005).

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

FULANA OPERETA

Fulana Opereta é o nome do recital da poeta Fabrícia Miranda que acontecerá na próxima semana, quinta-feira, dentro de um projeto literário recém promovido pela Escola de Belas Artes da UFBA, "SOPALAVRA".

Não percam! Visitem: http://www.fulanaopereta.blogspot.com/

COMENTÁRIOS!

Caros leitores e leitoras,

Agora todo mundo pode fazer seus comentários neste blog. Era um defeito de programação. Já resolvi! Aguardo os comentários. Um fraternal abraço, paz e saúde para todos.

Editora UAPE

Novo lançamento!

Poesia Viva em Revista nº 3

Retrata o momento contemporâneo de nossa realidade poética. Neste número, entrevista com o poeta Paulo Henrique Britto e diversos poetas contemporâneos.

Lançamento: Quinta-feira, 29 de novembro19h, na Primavera dos Livros Museu da República, Rio de Janeiro, Brasil.

Vamos lá!

www.uape.com.br

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

ANDRÉ SEFFRIN

ALGUMA POESIA BRASILEIRA HOJE

André Seffrin
Rio de Janeiro

Grande parte dos nossos poetas mais importantes não publica por editoras conhecidas e costuma passar ao largo dos benefícios (?!) da mídia e do meio acadêmico (este, sempre preso a ícones famosos e irremovíveis). Para a mídia, a imagem evanescente dos fantasmas (a exemplo do volátil JT Leroy) conta no cenário bem mais que um importante poeta de província, desses que não aparecem na televisão nem escrevem sobre os temas da moda. Esta mentalidade anêmica é hoje em parte debelada por alguns sítios (internet) tais como as revistas Cronópios e A máquina do mundo, e o Jornal de Poesia. Ou em livros, como nos dois alentados volumes, com cerca de mil páginas, Dimensões temporais na poesia & outros ensaios (Imago), nos quais César Leal reuniu diversos textos que escreveu sobre poesia brasileira e estrangeira, contemplando igualmente outros ramos do conhecimento (artes plásticas, crítica literária etc.). Em suas interpretações da poesia brasileira, ao longo dos anos ele contribuiu enormemente para a divulgação da obra de poetas ainda pouco estudados como Foed Castro Chamma, Soares Feitosa e Montez Magno. Seu livro é, nesse sentido, um verdadeiro oásis no deserto das relações entre poetas e público.
Na “quarta parte” do segundo volume, César Leal realiza pequena antologia de seus próprios poemas, recentes e antigos. Neles, como nos seus títulos conhecidos (Constelações, Tambor cósmico, Tempo e vida na terra etc.), ele ultrapassa os horizontes terrestres em metafísica que funde mitologia e ciência, figuras arquetípicas e metáforas luminosas, vasto universo feito de “Letras. Formas. Números! / Sol. Pássaros! Rosas! / Arcos, flechas, naves, / Vento, línguas, rodas!” Para além do notável teórico do fenômeno poético e ensaísta dos mais íntegros do nosso pensamento crítico, revela-se poeta protéico de assuntos inexplorados e anticonvencionais. O que se espera de todo grande poeta.
Jorge Tufic é outro exemplo de poeta que nunca usufruiu das benesses da mídia. Em entrevista ao escritor Nilto Maciel (revista Literatura, n. 29, maio/ago. 2005), ele afirmou que a “vocação literária sobrepõe-se ao fascínio da glória, seja ela fácil, por meios duvidosos, seja pela dificuldade em vencer as barreiras da incultura, livresca ou virtual. No meu caso particular, ainda não pude concluir nada acerca de minha persistência em vestir de livro os meus pobres escritos, cujo sucesso fica por conta dos amigos que tenho em Manaus, Fortaleza, e no Acre, sem mencionar as dezenas de pessoas a quem remeto os volumes que assino. O ato de escrever, e de editar, já nos serve de estímulo e consolo.” Suas publicações ficam restritas à província, geralmente em plaquetes que faz circular entre amigos: O sétimo dia (Edições Livro Técnico). Mas são cinqüenta anos de literatura e 43 livros publicados, entre poesia, ficção, ensaio e memórias, obra importantíssima que não devemos perder de vista.
A primeira seção de O sétimo dia reúne sonetos de alta musicalidade numa viagem interior de índole camoniana. “Soneto para Izabel” e “Périplo” estão na clave do que ele mesmo define como fusão do “mármore com a brisa”, como no “Soneto para José Chagas”, no qual flui lirismo de primeira água. Claro, nenhuma conotação parnasiana nesse “mármore”, uma vez que se trata de um pós-simbolista que assimilou muito bem as conquistas do Modernismo. Sua poesia nasce em anotações aparentemente aleatórias, sempre no sentido de fixar, entre sons e cores, imagens novas na velha paisagem do mundo. Assim: “Não sei dizer passarinho / sem dizer passarinhos, / tal como ensinava / a senhora de meus dias. / Ela dizia de um modo / que se via e se ouvia / o ser e o canto / a pluma e o vento; / e, por detrás de tudo, / o canto do encanto / tanto do pássaro / como dos passarinhos. / A´sso-fir, em árabe / são pássaros de pássaro / e pássaro de pássaros.” (“O nome dos sons”)
A rosa anfractuosa (Thesaurus), livro de Fernando Mendes Vianna acintosamente ignorado por quase todos os suplementos literários do país, é o retorno de um grande poeta depois de longa hibernação. Sua poesia metafísica e filosófica exige leitor preparado à sombra da estante, pois seus irmãos atendem pelo nome de Camões e de Pessoa (em especial Álvaro de Campos, pedra de toque), de Cruz e Sousa e de Jorge de Lima. Ora, é sabido que quase todos os poetas da geração de 1950 (Foed Castro Chamma, Hilda Hilst, Walmir Ayala, Mário Faustino, entre outros), criaram magnetizados pela cosmogonia de Invenção de Orfeu e, em determinados momentos, pela concretude verbal pós-simbolista de Cecília Meireles. Foi assim também com Fernando Mendes Vianna. No soneto, ele configura o que antigamente era comum chamar-se de a sua “mundividência”: “Na escuridão claríssima / sou um boi sob o plenilúnio. / A lua anterior era um alfanje / ou a metade de uma guitarra // ceifada no jardim da solidão. / Agora a lua é um mugido / igual a mim, igual à minha / claridade, agonia calma. // Mujo. Sou um boi e mujo / o anúncio de repartir / em viagem sem rumo, viajar // na alma, sem mapa e sem mar. / Boi tornado súbito navio, / e baba vira espuma. E tudo muda.” (“Plenilúnio”)
Poeta bem menos cerebral e filosófico que Fernando Mendes Vianna, mas não menos intenso e habilidoso, Carlos Newton Júnior, em Poeta em Londres (Bagaço), mantém suas linhas de força próximas (apesar do lirismo algo bandeiriano) da dicção de João Cabral de Melo Neto e do cordel nordestino (as heranças ibéricas). Poeta de qualidades incomuns, também ficcionista e ensaísta, ele se inscreve na tradição com a simplicidade e a clareza de um clássico. Ritmicamente complexa, sua poesia ainda é marcada por um contraponto entre o popular e o erudito. Assim, no mesmo passo que explora a “estrofe sonora dos repentes”, realiza poemas em homenagem a Rimbaud (“a vida é breve, breve é o poema / e todo o seu mistério, breve ainda / o som que se articula junto às rimas / e o valor ilusório dessas gemas // em que puseste as mãos de ser maldito”) e a Eliot (“Na esquina dos poetas”, que sem favor algum está entre os mais belos poemas brasileiros do nosso tempo), à pintura de Canalleto e a uma alegoria de Bronzino, imagem que o remete a outras imagens, azul que o remete a outros azuis, ou seja, ao soneto famoso de Carlos Pena Filho.
Ao contrário, a característica primordial da poesia de Mariana Ianelli é o lirismo diáfano – Fazer silêncio (Iluminuras). Em sua poesia predominam atmosferas enevoadas, imagens delicadas e fugazes e um ânimo de celebração (“Ser selvagem”). É poeta intimamente ligada aos temas religiosos e aos climas sonambúlicos da natureza humana. “Sétimo dia”, “Sophia”, “Fazer silêncio”, “Fênix” e “O outro lado” são poemas definidores de sua personalidade poética e estão entre os melhores do livro. Em momentos menos felizes, sua matéria se esgarça ao ponto de tocar o prosaico (ver o poema quase narrativo “Os desaparecidos”). No conjunto, é uma legítima herdeira do simbolismo pré e pós-modernista – no sentido de que poderia ter sido revelada, sem causar espanto, ao lado dos muitos poetas compendiados por Andrade Muricy no segundo volume de Panorama do movimento simbolista brasileiro. Sua família espiritual, portanto, é a dos integrantes do grupo da revista Festa, ao qual pertenceu Tasso da Silveira, cantor dos instantes fluidos e das vagas sombras fugidias.
Márcio Catunda, em Sintaxe do tempo (Imprece), fala outra língua e habita outro universo. Pode e deve ser lido na vertente política de Moacyr Félix e José Alcides Pinto que, não por acaso, assina o texto de apresentação. Alcides Pinto o irmana a Lorca e César Vallejo, entre outros “defensores dos espoliados e excluídos”. Seu ânimo político é catalisado pela densidade lírica, e em “Pragmatismo e tânatos” configura-se a sua arte poética: para Márcio Catunda, ao fim de tudo cada poeta terá “apenas o que deixou por escrito”. Assim como Luís Pimentel, que em O calcanhar da memória (Bertrand Brasil) igualmente configura sua arte poética em poemas como “Traçado” e “À toa”, ao sentir que poesia é “mão de obra, / um fazer e refazer-se / eternamente”, e ao encarar essa lida num paralelo com a da aranha que “vai vivendo do que tece”. Desse ângulo, Catunda e Pimentel escrevem poesia comprometida com o seu tempo e acessível ao leitor comum.
Entre tantos nomes e tendências importantes, devemos ainda registrar três estréias. Henrique Marques Samyn com Poemário do desterro (Fábrica de Livros) circula em amoroso convívio por ruas, seres e carnavais do Rio de Janeiro. É um poeta da cidade do Rio, como o foi outrora Mário Pederneiras. E não à toa encontra em João do Rio o motivo para um de seus melhores poemas, “Dentro da noite”. Às vezes lhe falta espontaneidade (talvez caminhe demasiadamente preso à métrica e à tradição), no entanto não anda distante do frêmito da vida. Em Elisa Andrade Buzzo, Se lá no sol (7Letras), o eu lírico se mostra limpo de adereços, num auto-policiamento às vezes excessivo e em jogos verbais um tanto insólitos, como no poema que dá título à coletânea. Vale destacar a homenagem a Chaplin, com seus ecos drummondianos. Já Cleberton Santos, em Lucidez silenciosa (EPP Publicações e Publicidade), valoriza palavras raras, sonoras e requintadas, mais no sentido do adorno que da estrutura. “Composição para flauta” dá a medida de seu potencial lírico: “Faço versos com retalhos de vida / fios de cabelos que apascento nos dedos”.


(Jornal Gazeta Mercantil, caderno Fim de Semana, 4 e 5 de março 2006)

ROGÉRIO SALGADO

Lucidez Silenciosa: a poesia sem academismo ou vanguardismo de Cleberton Santos.

Por Rogério Salgado (Poeta e Jornalista)

Vencedor do Projeto de Arte e Cultura do Banco Capital ano IV, Lucidez Silenciosa (EPP Publicações e Publicidade) é um livro, antes de tudo, visceral, desses arrancados do âmago do autor, composto de poemas polidos em sua técnica, sem deixar de emanar emoções no leitor mais desavisado. São 40 poemas que levam à reflexão por não serem escritos ao acaso. Cada palavra, cada linha estampada no branco do papel nota-se que foi muito bem pensado. Cleberton Santos, seu autor, não está preocupado em seguir vertentes literárias e nem com o academismo ou vanguardismo que rola por aí, sua poesia está comprometida somente com a função meramente correta de poetar e dizer ao mundo que o rodeia, aquilo que rola na sua cabeça de poeta. Feito de uma poesia simples, seus poemas contem, antes de tudo, a beleza que todo bom poema que se preze precisa ter. A poesia de Lucidez Silenciosa vem impregnada de lirismo, não aquele lirismo “lugar comum” que se observa nos poetas de baixa qualidade literária, mas um lirismo natural, dos grandes poetas. Nota-se em seu conteúdo que o autor não é nenhum “poetégo”, desses que se preocupam somente com seu próprio umbigo, mas sim com quem por acaso, venha a abrir a primeira página e viajar nas suas entrelinhas. Vejamos: “Meus olhos ardem na tarde do cais. / Posto que teu corpo / já não existisse, / meus olhos não arderiam mais. / Meus olhos ardem na ca(l)ma da tarde. / E sob teu corpo / lírios arfam teus seios. / Na tarde tarde meus olhos ainda ardem.
Cleberton Santos é poeta, crítico literário e professor de literatura. Natural de Propriá, reside atualmente em Feira de Santana/BA. Publicou em 2000 Ópera Urbana (Poesia), pelo Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana. Foi vencedor do Prêmio Escritor Universitário Alceu Amoroso Lima, da Academia Brasileira de Letras, em 2002. Publicou na revista iararana 9. Participou dos projetos Malungos, Poesia na Boca da Noite, Caruru dos 7 Poetas, VII Bienal do Livro da Bahia 2005. Atualmente realiza mestrado em Literatura e Diversidade Cultural na Universidade Estadual de Feira de Santana.
Lucidez Silenciosa é um desses raros livros de poesia que se pede para reler imediatamente. Contatos com o autor através de correspondência: Rua Araguacema, 94. Feira de Santana/BA. Cep 44021-000. Ou pelo e-mail clebertonpoeta@bol.com.br

(Rogério Salgado, Jornal Correio do Sul, Minas Gerais, 07/04/2006)

Jornal Poesia Viva 35


quinta-feira, 1 de novembro de 2007

ÓPERA URBANA


Capa do meu primeiro livro de poemas ÓPERA URBANA, com apresentação de Rinalda Lima (poeta sergipana), ilustração de Gabriel Ferreira (artista plástico baiano), publicado pelo Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana, Bahia, em 2000. Com uma segunda impressão em 2005.

CICATRIZES POÉTICAS

O poeta Adriano Eysen retorna à tribuna literária para declamar os novos poemas de Cicatriz do silêncio. Demonstrando notável amadurecimento no domínio da linguagem poética, através de imagens que açoitam as fraquezas dos homens e despertam o prazer lúdico da leitura, este poeta transforma sua palavra encantatória num porto da liberdade de onde partem seus desejos e fantasias amorosas juntamente com suas aspirações humanísticas.
Uma linguagem poética sempre rasurada pela carnalidade da paixão e transfigurada em arte pelo laborioso trabalho estilístico da língua em seu curso de sempre renovadas águas.
Ora um poeta cheio de cicatrizes amorosas, ora um anjo cheio de quimeras, ora um inquilino das saudades que resgata em formas e ritmos variados vivências do menino que sempre habita no homem construtor de belíssimas fábulas poéticas.
Os versos de Adriano Eysen acendem um fósforo dentro da noite para clarear o obscurecido espírito humano e reacender nos candeeiros da memória antigos símbolos e valores que transcendem a pequenez do mundo covarde que habitamos.
Convertendo seus desejos e sua sensibilidade estética em vãs aventuras líricas, o poeta segue sempre galopando nesta brava e singela tarefa de criar mundos expressivos através de seus sonetos, sextilhas, tercetos, elegias e odes que buscam, em última instância, comungar com os leitores a beleza da linguagem em suas múltiplas faces desconhecidas.
Em cada poema vai compondo uma estranha valsa que avança num movimento dialético de interiorização e exteriorização do olhar lírico que ilumina, a um só tempo, as memórias e os sonhos do poeta e a percepção crítica sobre o mundo presente que o rodeia com seus tormentos e decepções sociais.
Eis, aqui, amigo leitor, um poeta que sabe domar o galope da ventania lírica.


* Texto de Cleberton Santos publicado na orelha do livro Cicatriz do silêncio (2007), do poeta baiano Adriano Eysen. Livro lançado através do Projeto de Arte e Cultura do Banco Capital.