segunda-feira, 6 de março de 2017

Poemas de Fabrício Oliveira


CANÇÃO II

Eu canto a angústia e a raiva vil
e renasço sob a Ágora da Lua
onde os abismos do verbo amar
devoram Anjos & Demônios.

Eu canto
para renascer entre sombras
e para mover-me nas entrelinhas
dos teus abismos - por onde inscrevo
cicatrizes e catáforas.

Eu canto as palavras
e as colinas
e os desvios plenos onde cruzam-se
santos e marginais - e entre o gozo
e o tormento - só ruínas e nada mais.

Eu canto para que a morte não ecoe
em meu dorso, e para que  o sol vil
não queime a minha velha infância
ou seque as águas do meu rio perene.

Eu canto a Bahia e a morte da poesia
que cai sobre o mundo feito um surto
de dor rompendo o meu íntimo, a morte.
Eu canto o meu sangue seco e as sequelas.



ÁGUAS DE MARÇO

Sou um louco que plasma
                                     e bebe
o incerto amor
                      para renascer
sobre as águas de março.

Entre o abismo
                         insano
e o distante olhar
habitam meus sinais.

Meus olhos contemplam
teus olhos
                  no horizonte,

e movem-se sobre as linhas
                       dos teus abismos
por onde inscrevo

minhas digitais.


BIOGRAFIA:
Fabrício Oliveira é poeta e pesquisador de letras. Nasceu em 1996 em Feira de Santana /BA, mas reside em Santo Estêvão / BA. Estudante do curso de Letras Vernáculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS. 

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