
BESTIÁRIO INÚTIL
Primeira paisagem
Um calango espreita a vida
no mormaço de uma tarde estreita.
Sol a castigar o dorso de uma catenga
viúva silenciosa de outro calango morto.
Esticado em terra seca e astrosa
poeta repousa ossos e remorsos.
Segunda paisagem
De cima de um muro
um calango vigia o mundo.
Imperioso e astuto e lépido
contempla a paisagem (surda)
ausculta os pensamentos de um cético.
De cima de um muro
um calango vigia o cego.
Viril e verossímil e audaz
afronta a morte que ronda
seu dorso listrado de couro tenaz.
Concerto para ninar calangos
Silêncio tecido de dor e violinos
crava em meu peito
concerto estapafúrdio
para ninar calangos opalinos.
In: Lucidez Silenciosa (Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2005).
Primeira paisagem
Um calango espreita a vida
no mormaço de uma tarde estreita.
Sol a castigar o dorso de uma catenga
viúva silenciosa de outro calango morto.
Esticado em terra seca e astrosa
poeta repousa ossos e remorsos.
Segunda paisagem
De cima de um muro
um calango vigia o mundo.
Imperioso e astuto e lépido
contempla a paisagem (surda)
ausculta os pensamentos de um cético.
De cima de um muro
um calango vigia o cego.
Viril e verossímil e audaz
afronta a morte que ronda
seu dorso listrado de couro tenaz.
Concerto para ninar calangos
Silêncio tecido de dor e violinos
crava em meu peito
concerto estapafúrdio
para ninar calangos opalinos.
In: Lucidez Silenciosa (Salvador: EPP Publicações e Publicidade, 2005).
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