quinta-feira, 7 de setembro de 2017

RUY ESPINHEIRA FILHO

Soneto de Julho

É muito tarde para não te amar.
Tudo o que ouço é o sopro do teu nome.
O que sinto é teu corpo, que consome
- presente, ausente - o meu corpo. Luar 

em que me abraso, morro: teu olhar
ofuscando memórias, onde some
um mundo, e outro se ergue. Sede, fome
e esperança. Ah, para não te amar 

é tão tarde que tudo é já distância,
que só respiro este luar que me arde,
este sopro sem praias do teu nome, 

esta pedra em que pulsa e medra a ânsia
e esta aura, enfim, em que me envolve (é tarde!)
o que és - presente, ausente - e me consome.

Ruy Espinheira Filho
Poema publicado na Revista da Academia de Letras da Bahia, setembro de 2014, n 46.




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