segunda-feira, 22 de junho de 2015

ADRIANO EYSEN





Um livro fundamental sobre as obras dos poetas Álvaro de Campos e Mário de Sá-Carneiro acaba de ser publicado pelo poeta e Prof. Doutor Adriano Eysen. A obra foi lançada em Salvador, no Gabinete Português de Leitura, durante o “Simpósio Internacional 100 anos da Revista Orfheu” entre os dias 08 e 09 de junho de 2015. Confiram alguns textos que antecedem a leitura do livro:


Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro: companheiros de ideais estéticos, autores e confidentes um do outro na correspondência fascinante em que expõem sua angústia existencial, parceiros na organização do segundo número da revista Orpheu... e, agora, irmanados neste livro A lírica da ausência na poética de Álvaro de Campos e Mário de Sá-Carneiro. Seu autor, Adriano Eysen, mais do que traçar, isoladamente, o perfil literário de cada um, enlaça-os nessa “lírica da ausência”, elo que os aproxima e identifica nos quadros da poesia portuguesa de inícios do século XX.
Eysen, a que não falta a sensibilidade do poeta que é e a vocação de crítico e de pesquisador exigente, assume aqui como proposta a leitura atenta do poeta/engenheiro naval que, em “Tabacaria”, diz não ser nada, nem querer ser nada, embora tenha em si “todos os sonhos do mundo”; e, a par disso, em viés comparatista, o exame cuidadoso do poeta de “Epígrafe”, que não sabe quem é, de onde veio e que, em “Além-tédio”, se diz “seco, endurecido de tédio”.  
(Trecho da “Apresentação” feita pela Doutora Melânia Silva de Aguiar)


 Adriano conduz-nos, aliás, pela poesia dos dois, apontando a convergência e, por vezes também, a divergência dos caminhos trilhados. Mário de Sá-Carneiro, através de um registo poético de feição simbolista-decadentista, e Álvaro de Campos, num registo mais solto e inovador, dão corpo a uma estética da ausência, selando um compromisso radical com a linguagem. Sá-Carneiro, narcisicamente, em sucessivos «voos interiores», busca uma identidade jamais atingida. Criando um «império de marfim para abrigar delírios e personagens fabulosos», achou-se apenas como «qualquer coisa de intermédio», intervalo de abismo, entre o «eu» e o «outro». Álvaro de Campos, por seu lado, virado para fora, multiplicou-se em sensações, numa tentativa frustrada de ser tudo. E reconheceu-se «nada».
(Trecho do “Prefácio” assinado pela Doutora Manuela Parreira da Silva)

Convido, assim, o leitor a ler neste livro a reflexão que Adriano elabora, valendo-se de atualizadas e eruditas referências, sendo ao mesmo tempo sofisticado e claro em sua escrita, e com a autonomia de quem pensa o discurso contemporâneo da poesia para além de todos os clichês contemporâneos.
(Trecho da “Orelha” assinada pelo Doutor Sandro Ornellas)




Poeta, contista, crítico literário e professor de Literatura Portuguesa e Brasileira na Universidade do Estado da Bahia. Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC-Minas. Autor publicou, entre outros, os livros “Imagens do sertão na poética de Castro Alves” (ensaio, 2005), “Cicatriz do silêncio” (poesia, 2007), “Assombros solares” (poesia, 2011). Tem vários artigos e poemas publicados em revistas nacionais e no exterior.

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