domingo, 14 de junho de 2015

SALGADO MARANHÃO

MULHER

Depilo tuas vestes íntimas
obcecado pelo mergulho
em teu luminoso abismo. 

Há consenso e quietude em tudo. No
entanto há em mim
uma urgência atávica: 

febril, como urgência da vida;
feroz, como o decreto da morte. 

E mergulho amparado
em minha certeza inútil; a mesma
do meu pai e de todos
os meus ancestres; a mesma
dos que morreram e morrerão em ti
- alegremente! -
                            desde Adão.


Salgado Maranhão, poema publicado em “Amar, verbo atemporal”: 100 poemas de amor. Antologia organizada por Celina Portocarrero (Rio de Janeiro: Rocco, 2012). Nesta mesma antologia saiu meu poema “Roseiral”.

 


Nenhum comentário: