domingo, 20 de dezembro de 2020

A palo seco

 

A PALO SECO

Para Belchior

 

Uma dor profunda rasga mágoas

Esquecidas em varandas matinais

rugas cinzas sulcadas na memória

de mortos sepultados em recônditos quintais.

 

Náusea fluida de muitos goles

porres tomados em bares do subúrbio

calçadas sujas resfriadas pelo mijo

noturno dos filósofos do murmúrio.

 

Ânsia de vômitos seculares

engasgados em gargantas a palo seco

ruas e sombras e postes enrugados

iluminam poetas encurralados pelo beco.

 

Cleberton Santos

Revista Laboratório de Poéticas – nº 9, verão 2011 – Diadema – SP – Editor: José Geraldo Neres / Seleção de José Inácio Vieira de Melo, pp. 52/53

https://pt.calameo.com/read/00041330274c803b91f0c

 




 

 


 

Nenhum comentário: